sexta-feira, outubro 27, 2006

Instantâneos Contemporâneos


uma e trinta da matina a loucura quebra minha esquina

esmaga com força sua rotina de estrelas mínimas

ferra as bocas do acaso com trancas de ciúme

de Galatéia expulsa a espuma de seus crimes

condena o Vácuo veloz ao silêncio do tumulto

só resta um pedaço da escotilha do piloto

e uma palavra em transe na testa do palhaço

o padre conversando com um surdo-mudo

anjos em carne viva rasantes no céu de merthiolate

poeira de metal e carnes prédios desabando

o anjo do mal com seu sorriso absorto

na rosa flechada sangrando mental

a aurora ladra seus rubros massacres

e a lentidão do real levita é um milagre

estar aqui entre gritos neste estado de sítio

descobrir que foi a vida que mentiu







(De Nômada, Lamparina, 2004)

2 comentários:

  1. Anônimo3:01 AM

    não li esse livro. sempre que eu me deparo com os seus poemas sofro um impacto. céu de methiolate é um excesso, é demais.
    um beijo, rodrigo.

    a varanda de outono é a sua varanda? achei tão bonita.
    D.

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  2. oi déborah, um grande abraço
    rodrigo

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